domingo, 22 de novembro de 2009

TEXTO: “Loucura é...”

Loucura é narrar o inenarrável.
É tentar pintar com tinta e pena o nascer e morrer de cada estrela. Que aos olhos dos normais percebe-se apenas o brilho cintilante e estático, mas que em verdade, já não existe mais.
Loucura é não saber seu lugar no mundo, é querer partir sem que haja um expresso para além do que se sabe, é sentir-se preso em osso, carne e sangue. Onde a vida é imposta pelos sãos, condenado a viver entre estranhos, marcado permanentemente como que por ferro quente, como ponto final.
É loucura diante de tantos olhos, horas de pesar e compaixão, horas de medo e receio, ser chamado de especial, sem saber em qual do duplo sentido da palavra você se emprega.
Loucura é ter Passe-livre sem ser livre, é ter benefícios que não beneficiam, é não vivenciar o significado das boas palavras.
Eu ouso questionar agora, quem puder ouvir o lamento de um louco...
– É loucura se expressar da maneira que se sabe, do jeito que se é? Do jeito que se pode fazer? Ser louco é a minha limitação perante teus precipitados olhos, agora me dizes meu são irmão, qual é a tua?
Para os loucos o tempo não existe, só o despertar das coisas, que para um ou para outro, pode ser o “tarde demais”.
Loucura é funcionar da maneira que não se espera, é ser a máquina enguiçada, é não atender às expectativas do pai e da mãe. E que me perdoem o pai e a mãe, porque ser louco é ser difícil.
E por fim, sem que haja um fim de fato, loucura é solidão, pois entre tantos rostos no mundo, existe a luta por reconhecer algo, talvez si mesmo, reconhecer uma paz que não existe, que assim como eu passeia neste mundo. Colocado no seu lugar, mas não no lugar que se deseja.

Rafaella Magalhães
Em: 17 de Setembro de 2009